A mesa-redonda II, atividade que fez parte da programação do segundo dia da 8° WFCP, reuniu especialistas representantes de três grupos de afinidades da organização para tratar do tema “Desigualdade Social, Trabalho e Emprego”: o reitor do Instituto Federal de Brasília e coordenador da Câmara Internacional do Conif, Wilson Conciani; a presidente da WFCP, Denise Amyot; e o representante dos Serviços de Suporte aos Estudantes (SSS, na sigla em Inglês) e do Qingdao Technical College da China, Zehem Li.

A mesa foi mediada pelo diretor do Centro Internacional para a Educação e Treinamento Técnico e Vocacional (Unevoc), da Unesco, Shyamal Majumdar. Ele destacou que a educação profissional se tornou a chave principal do ensino a partir de 2010, mas é preciso se pensar para onde os jovens vão seguir após a conclusão dos estudos.

O diretor ressaltou ainda que dentre os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, três são essenciais à educação profissional: qualidade da educação, educação continuada e inclusão. Outro destaque do diretor foi para o crescimento dos recursos de redes e das parcerias nos últimos anos. “O mundo começou a perceber que temos de trabalhar juntos”, concluiu.

Cotas

Conciani falou sobre o “Acesso à aprendizagem e ao emprego”, começando pelos desafios enfrentados hoje pelos países em relação aos que estão fora das escolas. “No Brasil estamos trabalhando para melhorar esse quadro, com medidas como a implantação das cotas raciais e econômicas e a concessão de bolsas para alunos que não têm condições financeiras”, informou.

Outro desafio enfrentado pelas escolas é a evasão de alunos que no Brasil e em outros países da América Latina varia de 40% a 60% dos matriculados no ano. “Mesmo o ensino a distância sofre com a alta taxa de evasão”, informou. As pesquisas revelam, segundo Conciani, que as condições sociais são as causas desse quadro e que medidas variadas tornam-se necessárias para se reverter a situação – não apenas as estruturais, como também inovações, entre elas as desenvolvidas em salas de aula, substituindo as aulas expositivas por métodos mais estimulantes. “Os alunos têm de construir o conhecimento. O ensino não deve mais ser centrado no professor, o foco deve ser o processo de aprendizagem”, enfatizou.

Por fim, ele destacou a inclusão como essencial para se reverter o desemprego, citando o Pronatec, programa federal que contribuiu para que 60% dos participantes conseguissem se inserir no mercado de trabalho.

Sentimentos

“Liderança e empreendedorismo ao redor do mundo” foi o tema abordado pela presidente da WFCP. Segundo ela, essas são duas iniciativas que devem se complementar. “Quando somos líderes, precisamos atuar como empreendedores”, afirmou. Amyot destacou ainda a importância da liderança sentimental, característica do indivíduo que tem coragem de mostrar seus sentimentos. “E é isso que as pessoas querem ver: o humano por trás do líder”, observou.

A presidente da WFCP também disse que é uma tendência mundial o crescimento do empreendedorismo, o que ela credita também ao fato de as pessoas estarem percebendo que não podem mais contar com as grandes corporações. “No meu país, o Canadá, as pequenas e médias empresas já são mais de 70% enquanto as microempresas somam 15%”, acrescentou.

Zehem Li falou sobre o Student Support Services  (Serviços de Suporte aos Estudantes) que, entre outros projetos, planeja construir uma plataforma internacional de compartilhamento de informação. “Isso possibilitaria ainda uma maior integração cultural entre países do Ocidente e do Oriente”, destacou.

Entre os desafios do SSS destaca-se o incentivo à participação de mais países e de novos membros. Uma das estratégias será a adoção de intercâmbios estudantis, informou Zehem.

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